terça-feira, 11 de novembro de 2008

Olha! É o cara da banda...

Planeta Terra @ Villa dos Galpões, São Paulo/SP - 08/11/08

Dor-nas-costas, ressaca do dia anterior e noite mal-dormida. Foi nesse estado que eu me dirigi pra famigerada Villa dos Galpões, na puta-que-o-pariu da zona sul de São Paulo. Chovia pra porra em toda a cidade, mas graças aos serviços contratados de um pajé macumbeiro, ali era o único pedaço da "terra da garoa" onde não caiu uma única gota d'água.

Entrei no complexo ao som de "J1", a música bonitinha do "Pa pa pa paaaaaa" da mais bonitinha ainda Mallu Magalhães. A primeira imagem que eu tive no show foi a de dois marmanjos com a camiseta do Offspring batendo palminhas no shows da 'teenager indie'. Foi a primeira vez que eu vi ao vivo a garota de 16 anos que dá respostas imbecis em entrevistas. O melhor adjetivo é um que eu já usei: "bonitinho". Mas não funcionou muito bem naquele espaço gigantesco. Parece que o folk pop de Mallu Magalhães foi feito pra espaços mais intimistas, como o Studio SP mesmo.

- Olha! Aquela mina no telão entrevistando o povo é a apresentadora do jornal que eu trabalho.
- Jura?
- Pois é! E eu ajudei ela a fazer as pautas de entrevistas de todas as bandas.
- Ó que orgulho de você!

Assim como no ano passado, o Planeta Terra foi um exemplo de organização. Shows no horário e espaço suficiente pra acomodar a todos. A praça de alimentação tinha diversas opções (mas bem caras, vale dizer) e eu acabei comendo um lanche horrível com sabor de nada na Uno & Due. Tinha até panfleto com a programação pra pendurar no pescoço como se fosse credencial e esteiras no chão de um espaço aberto para os maconheiros ficarem a vontade. Só faltou uma pia pro pessoal lavar a mão depois de ir naqueles banheiros químicos nojentos.

- Olha! É o cara da banda!!!
- Pára de fazer essa piada, pelo amor de Deus.
- É sério, ó. O cara puxando aquela carroça é igual o Kele do Bloc Party.
- Caralho!!! Igual!!!

Passeia pra cá, passeia pra lá, e eis que começa o show do Jesus & Mary Chain, uma daquelas típicas bandas que eu nunca prestei muita atenção no passado. Sei lá, pra mim eles eram aquela banda estranha que tem um monte de música chata, com exceção para "Sometimes always", balada fofoléti que eles gravaram com a Hope Sandoval do Mazzy Star. Depois de umas 5 músicas que eu conhecia, mas não sabia o nome, eu acabei ficando com vontade de conhecer um pouco mais sobre a banda. Só faltou chamar a Mallu pra cantar "Sometimes always" hehehe.

- Fala aí se isso não é roupa de puta.
- Puta era nos anos 90. Hoje em dia é alternativo.

Se você parar pra pensar, chega a ser irônico o fato de que em um festival "indie", a banda com maior concentração de fãs era o Offspring. Mainstream que sou, essa era a banda que eu mais queria ver, apesar de já ter ido em 2 shows dos californianos.

- Noodles cabeludo? Que porra é essa?
- Pior é o Dexter que parece um Hanson.

O set list não poderia ter sido melhor (quer dizer... se rolasse "Session", teria sido). Hits de praticamente todas as fases da banda, empolgação master da galera, e eu começando a ficar bêbado e feliz, gritando "STUPID! DUMBSHIT! GODDAM! MOTHERFUCKER!!!". Quanto mais velho eu fico, mais emocionado eu fico com bandas que fizeram a trilha-sonora de minha adolescência. E com "Self steem", que encerrou o show, não foi diferente. Pulei, gritei, cantei, e me lembrei da época em que ser nerd era algo ruim, em que eu era tímido, em que eu não pegava ninguém, e em que "Smash" era um dos CDs mais sensacionais da atualidade.

- Vai começar o Bloc Party, corre.
- Espera o estouro da boiada. Parece que abriram a porteira do jardim-de-infância indie.

No show do Bloc Party eu já tava bem alegrinho e nem tava prestando muita atenção no show. Lembro que eles tocaram uma três músicas legais, umas outras chatas, e o show não cheirava nem fedia. Foi quando decidi rumar para o meu primeiro show do Indie Stage: The Breeders.

- Achei uma moeda de 5 centavos. Uhú!
- Cala a boca que eu quero ouvir o show.

Confesso que eu ia gostar muito mais de ver Pixies, mas foi legal poder ver Breeders em Sampa (já que da última vez no Brasil eles só tocaram em Curitiba). E dá-lhe mais um show pra lembrar da adolescência. Nessa hora eu já tava mais pra lá do que pra cá. Quando tocaram "Cannonball" então, só faltava eu chorar em lembrar da época que eu não fazia porra nenhuma o dia inteiro e passava as tardes vendo MTV.

- Caralho! Aquele cara tem TODOS os carros da Corrida Maluca tatuados nas costas. Vou pedir pra tirar uma foto.
- Eu se fosse você não faria isso. Ali embaixo tá tatuado "Cuide da sua vida", ó.

Como você já deve ter lido em todas as resenhas publicadas em sites e blogs por aí, o show do Kaiser Chiefs marcou presença. A banda é relativamente nova, mas o vocalista é um senhor frontman, e o set list contou com uma caralhada de hits. Eu lembro que eu tava no banheiro e comecei a ouvir o começo de "Breathe" do Prodigy. "Tô bêbado", pensei. Sim, eu estava, mas a música tava rolando mesmo, como introdução de "Everyay I love you less and less". O show foi divertidíssimo e Ricky Wilson foi o único cara de toda a noite a bater um papo com a platéia, inclusive em português.

- Se liga naquela bichinha pão-com-ovo. Ele tá segurando uma plaquinha escrito "Na na na na".
- Avisa ele que não é show do Killi nem do Wonkavision.
- Idiota.
- Brincadeira, pô. Eu adoro essa música.

Depois de sei lá quantas cervejas, fui embora antes do show acabar pra evitar aquela senhora confusão que se forma em estacionamentos pós-festivais. Minha última lembrança da noite foi a cena ridícula do Romani que vos escreve deixando o Planeta Terra marchando ao som de "Angry mob". No carro da minha carona, eu apaguei. Foi um festival divertido...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Everybody's doing the fish...

Com quase 5 dias de atraso, eis que finalmente surgem minhas considerações sobre os show de Reel Big Fish e Goldfinger em São Paulo e Curitiba (não tinha como eu não ver os dois... é o Reel Big Fish, pô!). Eu não tirei nenhuma foto, mas EI!, você está aqui para ler textos, não é mesmo?

Bandas de abertura...

Como diria o Reel Big Fish no CD ao vivo: "Agradeço a todas as bandas de abertura, mesmo não tendo a mínima idéia de quem elas são".

Em São Paulo, a tarefa ficou por conta do Sapo Banjo. Quem conhece já sabe a festa que é um show da banda. Ska dos melhores, muita metaleira, povo pulando e canções divertidas. Pra encerrar, um cover de "Trem das onze", já famoso entre os frequentadores do "Skarnaval".

Já em Curitiba, 3 bandas subiram ao palco antes das atrações principais, mas eu confesso que só assisti a última, uma tal de Madame Machado, do Rio de Janeiro. A primeira imagem que eu tive da banda foi a de um trompetista fantasiado de caveira tocando o tema dos estúdios 20th Century Fox. Depois disso não teve nem como não prestar atenção na mistura de ska, surf music e hardcore dos caras. Fazia tempo que eu não ouvia uma banda do gênero que me interessasse tanto.

A banda dos balões vermelhos...

Nunca prestei muita atenção em Goldfinger. Sempre gostei mais de Less Than Jake e Voodoo Glow Skulls, e só conhecia os principais hits dos californianos. Mas essa é uma daquelas bandas que depois de ver ao vivo, não tem como você não virar fã. A presença de palco dos integrantes é matadora, bem-humorada, e dá pra ver bem que rola uma puta afinidade entre eles.

Os shows das duas capitais foram bem parecidos, tirando o fato de que os curitibanos foram presenteados com "Mable" e o cover de "Just like heaven" do The Cure, e em Sampa eu engoli um mosquito. Outra surpresa em Curita foi a chuva de balões vermelhos na clássica regravação de "99 red ballons" da cantora alemã Nena (favor não confundir com a ex-peguete do Supla, Nina Hagen).

De resto, o Goldfinger tocou o que o povo queria ouvir: "Miles away", "Counting the days", "Get up", e é claaaaaaro... "Superman"!!! Com destaque para o roadie com cara de criança que toca saxofone em algumas músicas, incluindo essa.

Em grande parte das bandas, o frontman é sempre o vocalista, certo? Mas no Goldfinger quem proporcionou o grande espetáculo da noite não foi John Feldman, e sim o baterista Darin Pfeiffer, que em certo momento dos dois shows bebeu cerveja de um lindo e perfumado tênis atirado da platéia, que não sabia se aplaudia, dava risada ou fazia cara de nojo. As apresentações ainda tiveram mosh dos integrantes (vocalista em SP e guitarrista em CTBA). E todo mundo sabe que mosh de integrante é sempre garantia de "adolescentes alucinados".

I don't remember how good they played, but I payed just to see their faces...

O que se pode dizer do show de uma banda da qual você ouve há mais de 10 anos? Foda! Essa é a única palavra para definir as apresentações do Reel Big Fish, que infelizmente tocaram o mesmo set list em São Paulo e Curitiba. O adolescente espinhudo e punheteiro de 14 anos que vive em mim não pôde se conter de tanta emoção em ver a banda de ska mais foda do mundo não uma, mas DUAS vezes ao vivo. Isso sem contar que na quinta-feira eu fui até uma balada que rolou no CB com discotecagem dos caras. Meu lado groupie falou alto e eu peguei autógrafo e tirei foto com o vocalista Aaron Barrett.

O grande problema em escrever uma resenha 5 dias depois do show em questão é não lembrar da maioria das coisas em que você pensou quando estava lá (daí o título, retirado da canção "Join the club").

Se tem algo que em odeio em resenhas clichês (e toda resenha é clichê) é quando escrevem "o repertório do show foi baseado no álbum tal". É óbvio que o repertório do show foi baseado nos próprios álbuns da banda. Principalmente o mais famoso ou o mais recente. E graças a Deus o repertório do show do Reel Big Fish foi baseado em todos os álbuns, mas tocaram todas as músicas mais fodásticas de "Turn the radio off", o meu favorito.

"She has a girlfriend"? Tocaram! "Beer"? Tocaram! "Trendy"? Abriram o show com ela! Fora as milhares de outras. Acho que eu poderia gastar todas as linhas dessa resenha só dizendo as canções que marcaram presença: "Somebody hates me", "Where have you been", "Another F.U. Song", "S.R.", "Everything sucks", "Kiss me deadly", "Your guts".... ufa! Teve até cover de "Enter sadman" do Metallica.

Pra encerrar o show, não poderia ter rolado outra coisa: "Sell out", música que me fez virar fã da banda, e o sensacional cover de "Take on me" do A-ha. Saí do show de São Paulo suado e fedendo de tanto pular, pronto pra ir pra cama. E saí do show de Curitiba tranquilo e descansado, pronto pra ir pra balada. Além do set list, os dois tiveram outra coisa em comum: o adolescente espinhudo e punheteiro dentro de mim e o meu eu-lírico atual foram embora FELIZES PRA CARALHO!!!!